Crônicas de Itu- Companhia Estrada de Ferro Ytuana
Incentivados pela criação da Companhia Paulista, um grupo de fazendeiros e comerciantes de Itu liderados pelo Barão de Piracicaba reuniu-se em um projeto de uma estrada de ferro para ligar Jundiaí a Itu.
Este projeto atraiu empresários de Sorocaba, liderados por
Roberto Dias Baptista (maior produtor de algodão da província), que tencionavam
a ampliação do projeto até aquela cidade.
O Barão de Piracicaba convidou o presidente da província
Antônio Cândido da Rocha e os interessados naquele projeto para a Câmara Municipal
de Itu, onde decidiram pela formação de uma empresa, para construir a estrada de
ferro entre Itu e Jundiaí na reunião realizada em 20 de janeiro de 1870.
Até aquele momento, os empresários e fazendeiros de Itu
haviam conseguido levantar capital suficiente para financiar a metade do
empreendimento e esperava-se que o grupo de Sorocaba, liderado por Baptista,
financiasse a outra metade.
Apesar dos apelos de Baptista, seu sócio Luís Mailasky e dos
sorocabanos presentes (mais tarde o deputado provincial Francisco Ribeiro de
Escobar alegou que Mailasky havia aprovado um acordo prévio para a construção
da ferrovia entre Itu e Sorocaba e depois o rejeitado na reunião de 20 de
janeiro), a proposta de ampliação do projeto até Sorocaba foi rejeitada,
retirando-se da reunião os empresários sorocabanos.
A rejeição da proposta de Baptista teve consequências
funestas para o projeto ituano no futuro.
Durante o caminho de volta para Sorocaba, Mailaski e Baptista
resolveram fundar sua própria empresa, a Companhia Sorocabana (que acabou se
tornando maior e incorporou a ferrovia Ituana vinte anos depois).
Na Assembléia Provincial, os deputados discutiram sobre os
incentivos públicos pleiteados pelas duas companhias e a chance delas acabarem
exaurindo seus recursos com o mesmo objetivo.
Apesar do governo provincial de Cândido da Rocha aprovar a
Lei 34, que previa a construção da Ituana (Jundiaí-Itu) e da Sorocabana
(Sorocaba-Itu) e o tráfego mútuo entre as empresas, a Sorocabana recusou a
proposta e optou por um traçado entre Sorocaba e São Paulo, capital da
província.
Ao final da reunião foi formalmente criada a "Companhia
Ituana de Estradas de Ferro", formada com um capital de 2.500 contos de
réis, divididos em 12.500 ações de 200$000 cada uma.
A empresa reuniu entre seus acionistas o Barão de Piracicaba
(maior acionista), José Elias Pacheco Jordão (ex-presidente da Província e
líder da família Pacheco, grupo que detinha o controle político de Itu, os
importantes fazendeiros João Tibiriçá Piratininga e Francisco Emydio da
Fonseca, o nobre Bento Dias de Almeida Prado, o empresário Diogo Antônio de
Barros, o engenheiro Antônio de Queirós Teles Júnior, entre outros.
Em 10 de junho desse mesmo ano foram, em assembleia geral,
discutidos e aprovados os estatutos dessa Companhia, estatutos esses que foram
aprovados pelo Governo Imperial pelo decreto de 30 de julho. Por contrato de 10
de outubro desse mesmo ano o Governo, fundado na lei citada, concedeu a
Companhia Ytuana os mesmos favores concedidos à Companhia Paulista, privilégio
de zona de 31 quilômetros para cada lado do eixo e o privilégio por 90 anos
para a construção, uso e custeio da estrada de Itu a Jundiaí.
Foi fixado que, durante os cinco primeiros anos, poderiam ser
transportados gratuitamente mil imigrantes por ano.
Em 1892 ocorreu a fusão da Companhia Ituana com a Companhia
Sorocabana de Estradas de Ferro, dando origem à Companhia União Sorocabana e
Ituana de propriedade do Conselheiro Mayrink.
Meu Bisavô, imigrante Espanhol, Raymundo Barcellos, foi funcionário da Cia União Sorocabana e Ituana, vindo a aposentar-se como Ferroviário, falecendo em Salto, aos 04 de maio de 1940.
O trecho ligando Itu a Mairinque foi construído e a bitola
foi ampliada para 1 metro, vindo assim ficar Itu com duas vias de comunicação
para São Paulo, uma por Jundiaí e outra por Mairinque.
Em 21 de setembro de 1904, já como massa falida, desaparece a
Companhia União Sorocabana e Ituana, encampada pelo Governo Federal.
O nome Ituana desaparece oficialmente.
A linha tronco original da Ituana entre Francisco Quirino,
pouco além de Itaici, e Jundiaí foi eliminada em meados dos anos 1970.
O tráfego de passageiros havia sido eliminado em 1971.
O Ramal de Piracicaba foi sendo progressivamente desativado
até o início dos anos 1990.
O trecho entre Piracicaba e São Pedro havia sido desativado
na década de 1960.
Durante a década de 1980, trechos da linha que passavam nas
áreas urbanas de Salto e Itu foram desativados.
Uma nova linha modificada e retificada ligando Boa Vista, em
Campinas, a Guaianã, em Mairinque foi entregue, com bitola mista e
aproximadamente 104 km de extensão, conhecida como Variante Boa Vista-Guaianã.
A locomotiva nº 1 da Companhia Ituana pode ser visitada no
Museu Ferroviário de Indaiatuba. A centenária máquina continua funcionando.
Fonte: wikipédia.org
Imagem: wikipédia.org
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