Crônicas Religiosas-Militares: Imaculada Conceição- Padroeira do Exército Brasileiro
No dia 8 de dezembro, comemora-se o Dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Padroeira do Exército Brasileiro.
Traço característico do nosso povo, a fé em Deus permeia as tradições do Exército Brasileiro.
O Hino à Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Exército Imperial, acompanhou nossos soldados desde o período colonial até o fim do Império, sendo também conhecida como a Canção do Soldado.
O General Raul Silveira de Mello em “O Terço dos Soldados ou dos Militares” afirmou que “antes mesmo do advento do Hino Nacional, o Hino à Nossa Senhora da Conceição era a balada dos nossos avoengos, a nossa canção de guerra”.
Esta canção era entoada por todos os soldados do Exército, nos quartéis, após a revista do recolher.
Conta o General Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira, em seu livro Reminiscências da Guerra do Paraguai, que na vigília do dia 23 de maio de 1866, antes da histórica batalha de Tuiuti, ao toque de recolher, às oito horas da noite, todos os corpos formaram.
Depois da chamada; os sargentos puxaram as companhias para a frente da bandeira, e rezou-se o terço.
Alguns praças, os melhores cantores, entoaram com voz vibrante, sonora e cheia de sentimento, a velha canção do soldado brasileiro: Oh! Virgem da Conceição.
As músicas de quarenta batalhões acompanhavam, expressivas, aquela grande prece ao luar, rezada tão longe dos lares.
“Oh Virgem da Conceição, Maria Imaculada, vós sois a advogada dos pecadores, e a todos encheis de graça com vossa feliz grandeza.
Vós sois dos céus, princesa, e do Espírito Santo, Esposa. Santa Maria, Mãe de Jesus, rogai por nós.
Tende misericórdia, Senhora.
Tende misericórdia de nós.
Maria mãe de graça, mãe de misericórdia, livrai-nos do inimigo.
Recebei-nos na hora de nossa morte. Amém”
Tocava-se depois: ajoelhar corpos.
Todos aqueles homens simples, rudes e cheios de fé, que iam bater-se como leões, no dia seguinte, puseram-se de joelhos, e com as mãos musculosas, apertando os largos peitos valorosos, entoaram, cheios de contrição e de fé, o “Senhor Deus, misericórdia, Senhor Deus pequei, Senhor misericórdia. Senhor Deus, por nossa Mãe Maria Santíssima, misericórdia”.
Logo depois começavam a rezar o terço.
“Bandeiras se batiam até o chão”.
Era notório o espírito religioso de que estavam imbuídos os brasileiros que participaram na Guerra do Paraguai, além da bravura militar que caracterizou os combatentes.
Neste sentido, relata-nos o já citado general Dionísio Cerqueira as Missas e cerimônias religiosas realizadas nos acampamentos nacionais dos Voluntários da Pátria:
- No alto da coxilha do Potreiro Pires, construiu-se, por ordem superior, uma capelinha coberta de colmo e paredes de taipa de sebe, todos os domingos ia à Missa a divisão inteira, era digno de ver o grandioso espetáculo daquela infantaria, formada em colunas contíguas, ajoelhar no campo, de cabeça descoberta, as armas em adoração e batendo no peito, quando o sacerdote levantava a Hóstia e todas as cornetas tocavam marcha batida e todas as músicas do Hino Nacional e todas as bandeiras se batiam até o chão, a ordem da divisão era para a Missa às nove horas, as brigadas formavam às oito, os batalhões às sete e as companhias às seis ou antes, para aquela soldadesca não deixava de ser fatigante essa formatura, a pé firme, tanto tempo. Entretanto, iam a ela satisfeitos.
Por vezes, alguns estudiosos estabelecem uma relação direta entre a religiosidade e o grau hierárquico / nível intelectual do militar.
Assim, quanto menor a patente e o grau de instrução, maior seria o grau de religiosidade.
Trata-se de um erro crasso.
Na Itália, ninguém menos do que o Comandante da FEB, o General Mascarenhas de Morais, recorreu ao tenente Capelão Militar:
— Capelão, antes de ver no senhor o tenente, vejo o padre. Sou um homem de fé. Sou católico, e busco na minha religião a força que preciso para bem cumprir os meus deveres de cristão e de soldado. Como soldado, aprouve a providência de colocar-me à frente da FEB, como seu comandante. Deus não me tem faltado com sua ajuda. Diariamente, peço-lhe a serenidade necessária para suportar as críticas e as incompreensões a que não está imune um comandante. Sempre pautei meus atos pelos princípios da minha religião. Na Eucaristia, busco as energias para transpor os obstáculos e vencer as dificuldades inerentes à minha missão. Contudo, em meio a todas essas dificuldades, próprias de um comando, eu confio em mim, porque confio em Deus, Capelão. E assim, será até sempre.
Fonte: https://memorialdafeb.com/2014/08/21/recebei-nos-na-hora-da-nossa-morte/
Imagem: Autoral, imagem captada no interior da Capela Militar de São Luís Gonzaga - Itu/Sp
(2º GAC L "Regimento Deodoro"

Comentários
Postar um comentário