Crônicas de São José dos Campos- A Estação Ferroviária Central

A estação de São José dos Campos foi inaugurada pela E. F. do Norte em 1876. 

A linha original vinha de Jacareí, passava pela estação do Limoeiro (esta, aberta em 1894), depois a Parada Lima, cruzava o Ribeirão do Vidoca, subia a colina na direção aproximada da atual Avenida Anchieta, galgando a escarpa e alcançava o altiplano aproximadamente na atual confluência da Avenida São João com a Avenida Nove de Julho. 

Nesta área foram construídas a estação, armazéns, terminal de cargas e o escritório da Companhia.

Esta localização favoreceu o desenvolvimento do núcleo central em direção a essa região. 

A Av. João Guilhermino (antiga “Avenida da Estação”) transformou-se no principal “portal” de entrada da cidade e o elo de ligação entre a estação ferroviária e o centro.

A antiga estação, erigida em 1887, que substituíra a original (provavelmente de madeira ou uma estação muito pequena e provisória), situava-se onde hoje se encontram a estação de tratamento de águas da Sabesp e o Tênis Clube. 

O acesso a ela era por aquela avenida com renques de palmeiras, a João Guilhermino, que, segundo se conta, terminava à frente da velha estação. 

Dali os trilhos seguiam pelas encostas do vale do rio Lavapés, obedecendo a melhor declividade e para retornar à várzea, guinavam repentinamente em curva para cruzar o ribeirão.

Curiosidade: No ano de 1903, meu Bisavô Manoel Portes de Araújo, natural de São José dos Campos,  possuía um carro de praça, e no jornal daquele ano, foi noticiado, que ele havia caído da "boléa", por ter ido o carro de encontro a um pedaço de pau que se achava no largo da cadeia, dizia ainda que dessa queda, resultou o referido cocheiro ter ficado ligeiramente contundido.  

Anos depois, em 1907, conforme nota publicada no Jornal de São José dos Campos, meu Bisavô, tomaria posse no cargo de carcereiro, onde anos antes sofrera o acidente automobilístico.

Histórico:

Em 1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do Norte (ou E. F. São Paulo – Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo da linha da S.P.R. no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. 

Em 12/5/1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica, encontrou-se com a E. F. Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855. 

O ramal, que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingira Cachoeira no terminal navegável dois anos antes, com bitola larga (1,60 m). 

A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias se deu em 8/7/1877, com festas. 

As cidades da linha se desenvolveram, e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as “Cidades Mortas”.

O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes, e foi uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba. 

Em 1889, com a queda do Império, a E. F. D. Pedro II passou a se chamar E. F. Central do Brasil. 

Em 1890, incorporou a E.F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificá-las. 

Os trabalhos começaram em 1902 e terminaram somente em 1908. 

Em 1957 a Central foi incorporada pela RFFSA. 

O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos anos 1980, pois a variante do Parateí, construída mais ao norte, foi aos poucos provando ser mais eficiente. 

Em 31 de outubro de 1998, o transporte de passageiros entre o Rio e São Paulo foi desativado, com o fim do Trem de Prata, e no mesmo ano a MRS passou a ser a concessionária da linha. 

O transporte de subúrbios, existente desde os anos 1920 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi.

Fonte: https://www.ipatrimonio.org/sao-jose-dos-campos-estacao-ferroviaria-central

Imagem: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/45/Esta%C3%A7%C3%A3o_Ferrovi%C3%A1ria_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_dos_Campos_SP.jpg

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