Crônicas de Piracicaba- O Bairro mais antigo do que a Cidade
O surgimento do bairro Batistada aconteceu em 1763, quatro anos antes da fundação oficial de Piracicaba, a partir da vinda dos irmãos Batista para o local.
Eles moraram em Itu, então com pouco mais de 100 casas, e que à época era uma vila, conhecida por possuir um entreposto comercial que servia o Sul do país e as regiões mineradoras de Mato Grosso e Goiás.
De acordo com o historiador Noedi Monteiro, a saída dos Batista de Itu aconteceu depois de uma reunião à beira da fogueira, em meio ao riso e divertimento, em celebração a São João Batista, santo de devoção da família e cuja data comemorativa é o 24 de junho.
O ritual fora mal interpretado pelo capitão mor de Itu, Salvador Jorge Velho (1710-1792). “Sisudo e desconfiado de que conversa ao pé do fogo girava a seu respeito, sem muitas delongas, degreda a família para Piracicaba, sem direito à defesa, e que foi trazida por um barqueiro”, explica Monteiro, ao lembrar que nesse período as viagens não eram feitas por terra.
Segundo Monteiro, o trajeto dos Batista foi acompanhado por pertences de estimação, entre eles as imagens de São João Batista e Nossa Senhora de Santana e utensílios como bacias de cobre.
A imagem de São João Batista possui entre 234 e 235 anos e é preservada até hoje no bairro.
Já a imagem de Nossa Senhora de Santana foi roubada da capela e até hoje não há a sua localização, diz.
Quando desembarcaram no rio Piracicaba, a família ainda estava inconformada com o ato do capitão Jorge Velho e decidiu regressar a Itu.
Vale lembrar que Piracicaba ainda não havia sido povoada pelo capitão Antônio Corrêa Barbosa, por isso a solução foi abrir um picadão por terra.
Na subida de retorno a Itu, eles resolvem se estabelecer no lugar.
Os que ficaram na Batistada trataram de dar início ao primeiro bairro de Piracicaba.
Apenas um deles chegou a Itu e chegou a ser detido por Jorge Velho, desconfiado de que a família havia morto o barqueiro que, até aquele momento, não retornara da viagem, completa o historiador.
À beira do Ribeirão Batistada que brota na antiga Fazenda Varginha, hoje Campus Taquaral Unimep, as moças da família Batista se estabeleceram, enquanto que os homens seguiram na empreita do picadão.
Como as matas eram virgens, a terra produtiva e a água das boas, a família decidiu ali permanecer.
Foram derrubadas árvores e teve início a plantação.
Monteiro conta que no bairro em que a família passou residir havia um trajeto, conhecido como Caminho do Oeste, por onde se chegava a São Paulo e Goiás, e se tornou a saída para o escoamento de produtos agrícolas como chá, café, algodão e milho.
Em linha reta, o Caminho do Oeste é a continuidade da rua Moraes Barros, conhecida no passado como Estrada do Picadão.
Há muitas peculiaridades sobre o bairro Batistada. Os últimos membros dos originais Batistas morreram faz pouco tempo”, completa ele, lembrando, por fim, que o bairro foi desmembrado de Piracicaba em 1938, quando Saltinho passou a pertencer a Piracicaba e o Batistada a Rio das Pedras.
Fontes: http://nossariodaspedras.com.br/
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